RELAÇÃO ADICTIVA E SUBSTITUIÇÃO
Tendo a personalidade adictiva maturado e sobrepujado o Eu verdadeiro que tenderá a diminuir e, nos casos fatais, a desaparecer, a relação adictiva se estabelece com força.
Análise sobre os meandros da relação adictiva estão especificados em outro artigo centrado nesse assunto. Agora analisaremos a SUBSTITUIÇÃO.
Quando um adicto não aceita real e profundamente sua condição de dependente que o levará a desenvolver seu Eu verdadeiro, pode ter aceitado um "vício" achando que este solucionado tudo ficará bem. A doença da Dependência é mais séria e muito mais mesquinha e trágica do que isso.
Esse é um artigo experimental baseado na observação de um caso estabelecido nas bases que serão aqui apresentadas.
Um adicto na ativa que se conscientiza do mal que o objeto de adicção está lhe provocando poderá fazer grande esforço para reduzi-lo a níveis aceitáveis, ainda assim a doença se manterá intocada uma vez que trabalhou apenas o externo. É nessa condição que a Substituição se estabelece.
Os caminhos mais comuns são de substituir o objeto de adicção, por exemplo, o álcool, por jogo, comida, etc. O mesmo acontece com as drogas onde o usuário ficará pulando de uma para outra e até mesmo chegará à dependência de remédios. Espera-se que seja pelos psicotrópicos e assemelhados, mas há casos em que o objeto de adicção foi deslocado para o inocente analgésico. Em superdoses pode provocar a buscada alteração de humor e levar à sonolência bem vinda para o adicto. A sonolência é o destino final de fuga para os problemas ou situações psíquicas que não consegue controlar ou administrar. Em última instância é a fuga do sofrimento.
É comum que um adicto encontre outro adicto para parceiro, muitas vezes essa convivência simbiótica se rompe se o parceiro for um usuário mais violento e com isso dará ao outro a noção de perigo que atravessam. Então, o mais lúcido diminuirá sua cota de objeto de adicção, mas não se livrará da doença e seu objeto de adicção passará a ser o parceiro.
É comum que não o ame e nem se apiede realmente, mas não rompe a relação. É como se estivesse na frente de um copo ou de uma dose: sabe aonde chegará, mas se mantém fiel. A compulsão impede que haja um real rompimento uma vez que não trata a doença.
A compulsão é a ferramenta mestra da Dependência, é ela que mantém o adicto aprisionado. Só chegando às raízes de sua personalidade adictiva adquirida na primeira infância dentro do meio familiar onde se desenvolveu é que consegue controlá-la. Isso é conquistado pela consciência da dependência e por psicoterapia. Os remédios auxiliares aliviarão a pressão para que haja movimento da parte do adicto em direção à recuperação, mas não curam. Esse ponto é nevrálgico. OS REMÉDIOS NÃO CURAM.
A situação de co-dependência estabelecida dentro deste tipo de relação permite que o usuário continue seu uso livre do controle imposto pelas famílias. As etapas de comportamento reativo das famílias inexistem. O parceiro não estimula a recuperação para não perder seu próprio objeto de adicção que é o outro.
Como se dá tal transferência?
Antes de mais nada é importante analisar o script de vida do adicto. Normalmente desenvolveu a adicção para escapar da dor de se sentir deslocado, imprestável para o mundo que o cerca. É o que podemos chamar de desvalidação. O processo é extremamente doloroso. É a total anulação da capacidade de se desenvolver enquanto ser humano e, principalmente a incapacidade de concorrer com seus iguais. Sempre será o último da fila. Provavelmente, na infância, foi substituído por alguém que considerou melhor ou mais capacitado para usufruir o amor dos pais.
Ao se estabelecer a dependência sobre um adicto sob a aparente forma de salvação do mesmo, necessitaa que este se mantenha adicto. Procura nessa fonte degradante uma validação para si mesmo. Sente-se melhor porque existe alguém mais deteriorado do que ele próprio. É a mudança de humor ansiada para alívio de suas próprias tensões internas.
Como toda a adicção, esta também aumentará com o tempo e o uso, se podemos chamar assim. Na verdade, usar pessoas é mais corriqueiro do que desejaríamos que fosse. Então os malefícios da adicção crescem e a relação se torna quase insuportável, assim como o álcool e a droga destroem o usuário, a convivência destrói o adicto emocional. Ainda assim não abandonará o parceiro e, inclusive, é possível que tente ajudá-lo sabendo que não conseguirá. Se conseguir o jogo se romperá e ele perderá sua "droga" de preferência.
Desmontar a relação estabelecida incluirá mudar o rumo de sua vida ou encontrar outro adicto disposto a partilhar com ele o processo destrutivo. As duas coisas são difíceis e amedrontadoras.
O que existe de trágico nessa dependência é que ela possui muito mais justificativas válidas para o status quo. Como largar a pobre criatura adicta à própria sorte? Se for casal e tiverem filhos, como abandoná-los a essa sorte? E assim por diante. Ao mesmo tempo em que essas justificativas o salvam da decisão de mudança, fazem com que se sinta bem aos próprios olhos: está tentando, não é culpa dele se o outro não colabora mantendo-se agarrado à adicção.
É uma terrível forma de adicção, pois é maquiada por solidariedade com o adicto ativo, preocupação pelas pessoas dele dependentes e não têm nenhum estímulo adictivo químico (se tiver estará sob razoável controle), ou seja, é invisível. E as saídas da situação terão, aparentemente, ingredientes de crueldade, uma vez que será preciso afastar-se do adicto, romper vínculos, estabelecer novas metas, pelo menos até recuperar a si próprio para poder socorrer verdadeiramente o parceiro.
Quanto à questão de ajudar um adicto nunca devemos esquecer que por mais que tenhamos conhecimento claro de sua doença, quem tem que adquirir essa certeza é o próprio adicto e ele é quem definirá sua posição diante da recuperação. O máximo possível é acompanhá-lo pelos caminhos que terá que trilhar. Caminhos novos e, em princípio, de sofrimento até que a consciência da libertação se faça. Mas uma vida inteira de aprisionamento vale mil vezes, os poucos meses de indignação consigo mesmo.
Consciência e admissão da doença e dos processos doentios é a única forma de achar o caminho da recuperação. Caminho árduo que exige coragem, humildade e determinação férrea. E que oferece em troca, tranqüilidade, alegria legítima e crescimento emocional e psíquico.
Tendo a personalidade adictiva maturado e sobrepujado o Eu verdadeiro que tenderá a diminuir e, nos casos fatais, a desaparecer, a relação adictiva se estabelece com força.
Análise sobre os meandros da relação adictiva estão especificados em outro artigo centrado nesse assunto. Agora analisaremos a SUBSTITUIÇÃO.
Quando um adicto não aceita real e profundamente sua condição de dependente que o levará a desenvolver seu Eu verdadeiro, pode ter aceitado um "vício" achando que este solucionado tudo ficará bem. A doença da Dependência é mais séria e muito mais mesquinha e trágica do que isso.
Esse é um artigo experimental baseado na observação de um caso estabelecido nas bases que serão aqui apresentadas.
Um adicto na ativa que se conscientiza do mal que o objeto de adicção está lhe provocando poderá fazer grande esforço para reduzi-lo a níveis aceitáveis, ainda assim a doença se manterá intocada uma vez que trabalhou apenas o externo. É nessa condição que a Substituição se estabelece.
Os caminhos mais comuns são de substituir o objeto de adicção, por exemplo, o álcool, por jogo, comida, etc. O mesmo acontece com as drogas onde o usuário ficará pulando de uma para outra e até mesmo chegará à dependência de remédios. Espera-se que seja pelos psicotrópicos e assemelhados, mas há casos em que o objeto de adicção foi deslocado para o inocente analgésico. Em superdoses pode provocar a buscada alteração de humor e levar à sonolência bem vinda para o adicto. A sonolência é o destino final de fuga para os problemas ou situações psíquicas que não consegue controlar ou administrar. Em última instância é a fuga do sofrimento.
É comum que um adicto encontre outro adicto para parceiro, muitas vezes essa convivência simbiótica se rompe se o parceiro for um usuário mais violento e com isso dará ao outro a noção de perigo que atravessam. Então, o mais lúcido diminuirá sua cota de objeto de adicção, mas não se livrará da doença e seu objeto de adicção passará a ser o parceiro.
É comum que não o ame e nem se apiede realmente, mas não rompe a relação. É como se estivesse na frente de um copo ou de uma dose: sabe aonde chegará, mas se mantém fiel. A compulsão impede que haja um real rompimento uma vez que não trata a doença.
A compulsão é a ferramenta mestra da Dependência, é ela que mantém o adicto aprisionado. Só chegando às raízes de sua personalidade adictiva adquirida na primeira infância dentro do meio familiar onde se desenvolveu é que consegue controlá-la. Isso é conquistado pela consciência da dependência e por psicoterapia. Os remédios auxiliares aliviarão a pressão para que haja movimento da parte do adicto em direção à recuperação, mas não curam. Esse ponto é nevrálgico. OS REMÉDIOS NÃO CURAM.
A situação de co-dependência estabelecida dentro deste tipo de relação permite que o usuário continue seu uso livre do controle imposto pelas famílias. As etapas de comportamento reativo das famílias inexistem. O parceiro não estimula a recuperação para não perder seu próprio objeto de adicção que é o outro.
Como se dá tal transferência?
Antes de mais nada é importante analisar o script de vida do adicto. Normalmente desenvolveu a adicção para escapar da dor de se sentir deslocado, imprestável para o mundo que o cerca. É o que podemos chamar de desvalidação. O processo é extremamente doloroso. É a total anulação da capacidade de se desenvolver enquanto ser humano e, principalmente a incapacidade de concorrer com seus iguais. Sempre será o último da fila. Provavelmente, na infância, foi substituído por alguém que considerou melhor ou mais capacitado para usufruir o amor dos pais.
Ao se estabelecer a dependência sobre um adicto sob a aparente forma de salvação do mesmo, necessitaa que este se mantenha adicto. Procura nessa fonte degradante uma validação para si mesmo. Sente-se melhor porque existe alguém mais deteriorado do que ele próprio. É a mudança de humor ansiada para alívio de suas próprias tensões internas.
Como toda a adicção, esta também aumentará com o tempo e o uso, se podemos chamar assim. Na verdade, usar pessoas é mais corriqueiro do que desejaríamos que fosse. Então os malefícios da adicção crescem e a relação se torna quase insuportável, assim como o álcool e a droga destroem o usuário, a convivência destrói o adicto emocional. Ainda assim não abandonará o parceiro e, inclusive, é possível que tente ajudá-lo sabendo que não conseguirá. Se conseguir o jogo se romperá e ele perderá sua "droga" de preferência.
Desmontar a relação estabelecida incluirá mudar o rumo de sua vida ou encontrar outro adicto disposto a partilhar com ele o processo destrutivo. As duas coisas são difíceis e amedrontadoras.
O que existe de trágico nessa dependência é que ela possui muito mais justificativas válidas para o status quo. Como largar a pobre criatura adicta à própria sorte? Se for casal e tiverem filhos, como abandoná-los a essa sorte? E assim por diante. Ao mesmo tempo em que essas justificativas o salvam da decisão de mudança, fazem com que se sinta bem aos próprios olhos: está tentando, não é culpa dele se o outro não colabora mantendo-se agarrado à adicção.
É uma terrível forma de adicção, pois é maquiada por solidariedade com o adicto ativo, preocupação pelas pessoas dele dependentes e não têm nenhum estímulo adictivo químico (se tiver estará sob razoável controle), ou seja, é invisível. E as saídas da situação terão, aparentemente, ingredientes de crueldade, uma vez que será preciso afastar-se do adicto, romper vínculos, estabelecer novas metas, pelo menos até recuperar a si próprio para poder socorrer verdadeiramente o parceiro.
Quanto à questão de ajudar um adicto nunca devemos esquecer que por mais que tenhamos conhecimento claro de sua doença, quem tem que adquirir essa certeza é o próprio adicto e ele é quem definirá sua posição diante da recuperação. O máximo possível é acompanhá-lo pelos caminhos que terá que trilhar. Caminhos novos e, em princípio, de sofrimento até que a consciência da libertação se faça. Mas uma vida inteira de aprisionamento vale mil vezes, os poucos meses de indignação consigo mesmo.
Consciência e admissão da doença e dos processos doentios é a única forma de achar o caminho da recuperação. Caminho árduo que exige coragem, humildade e determinação férrea. E que oferece em troca, tranqüilidade, alegria legítima e crescimento emocional e psíquico.