terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DEPOIMENTO INDIGNADO COM NOSSA "CULTURA"

Eu acho a bebida o pior vício. Pior do que o cigarro ou o até mesmo o crack. Porque você pára e continua submetido a uma enxurrada de propagandas, filmes etc relacionando bebida a status, relax, elegância, futebol, comemoração, sociabilidade.
O crack pode ser uma merda, mas ele não faz parte do imaginário coletivo: ele alcança uma minoria que já está na merda por outros meios. Já a bebida pega qualquer um, e pode ser aos poucos ou desde cedo; pode ser por questões psicológicas e/ou químicas. E é exaustivamente massificada.
Elas variam (vinho, cerveja, whisky, vodka, cachaça, licor etc) e não podemos esquecer que a maioria surgiu nos monastérios da Europa; o que dá uma nota, mais uma vez, de permissão ao nosso imaginário.
Quase todo mundo bebe e aquele que precisa parar de beber se sente rejeitado. E quando esse alguém bebe o primeiro copo, pode ser uma vontade natural, como a de tantos outros. Porém, após o primeiro ou segundo, outros fatores o levam a continuar e o copo a se esvaziar etc.
A questão coletiva ajuda muito na adicção.
Por exemplo, os grandes jazzistas dos anos 30/40, nos EUA, eram viciados em heroína. E quem não fizesse parte era considerado careta; e não poderia acompanhar os melhores músicos. Isto foi num ambiente fechado como o do jazz.
Em alguns setores é quase considerado normal cheirar cocaína, um primo meu vivenciou uma situação dessas. Como ele não se “enquadrava”, acabou desistindo.
Agora, imagine em um ambiente totalmente aberto ao coletivo onde permeiam todas as formas de mídia a drinks e bebidas alcoólicas!
It´s not mole não, como dizia um amigo.
Disse tudo isto para que procure entender como deve ser o seu sofrimento de se sentir “de fora” do que ‘todos’ podem: se ele assiste futebol, lá vem propaganda de cerveja; se passa imagens da Serra Gaúcha, na TV, lá está o casal tomando vinho à lareira; em filmes e novelas, o executivo chega em casa e toma uma dose de scotch, ou oferece a uma visita “aceita um drink?”
Alguns conseguem beber por prazer sem ultrapassar um traço os limites da sanidade, outros bebem para “tontear” e outros ainda para “capotar”. E até a situação irreversível se apresentar não podemos ter certeza se não entraremos neste tobogã de horrores.
Não há outra expressão: é foda!







Eu acho a bebida o pior vício. Pior do que o cigarro ou o até mesmo o crack. Porque você pára e continua submetido a uma enxurrada de propagandas, filmes etc relacionando bebida a status, relax, elegância, futebol, comemoração, sociabilidade.
O crack pode ser uma merda, mas ele não faz parte do imaginário coletivo: ele alcança uma minoria que já está na merda por outros meios. Já a bebida pega qualquer um, e pode ser aos poucos ou desde cedo; pode ser por questões psicológicas e/ou químicas. E é exaustivamente massificada.
Elas variam (vinho, cerveja, whisky, vodka, cachaça, licor etc) e não podemos esquecer que a maioria surgiu nos monastérios da Europa; o que dá uma nota, mais uma vez, de permissão ao nosso imaginário.
Quase todo mundo bebe e aquele que precisa parar de beber se sente rejeitado. E quando esse alguém bebe o primeiro copo, pode ser uma vontade natural, como a de tantos outros. Porém, após o primeiro ou segundo, outros fatores o levam a continuar e o copo a se esvaziar etc.
A questão coletiva ajuda muito na adicção.
Por exemplo, os grandes jazzistas dos anos 30/40, nos EUA, eram viciados em heroína. E quem não fizesse parte era considerado careta; e não poderia acompanhar os melhores músicos. Isto foi num ambiente fechado como o do jazz.
Em alguns setores é quase considerado normal cheirar cocaína, um primo meu vivenciou uma situação dessas. Como ele não se “enquadrava”, acabou desistindo.
Agora, imagine em um ambiente totalmente aberto ao coletivo onde permeiam todas as formas de mídia a drinks e bebidas alcoólicas!
It´s not mole não, como dizia um amigo.
Disse tudo isto para que procure entender como deve ser o seu sofrimento de se sentir “de fora” do que ‘todos’ podem: se ele assiste futebol, lá vem propaganda de cerveja; se passa imagens da Serra Gaúcha, na TV, lá está o casal tomando vinho à lareira; em filmes e novelas, o executivo chega em casa e toma uma dose de scotch, ou oferece a uma visita “aceita um drink?”
Alguns conseguem beber por prazer sem ultrapassar um traço os limites da sanidade, outros bebem para “tontear” e outros ainda para “capotar”. E até a situação irreversível se apresentar não podemos ter certeza se não entraremos neste tobogã de horrores.
Não há outra expressão: é foda!

Depoimento de filha de alcoolista

Se você é pai, ou mãe dependente, perceba o impacto de sua doença sobre seus filhos!
Pense, reflita, questione e crie coragem para dizer NÃO ao álcool ou às drogas. Eles destroem tudo até a coisa mais importante do mundo: a imagem de um pai que deveria nortear a vida do filho, não como perfeito, mas o melhor possível.
Deixar-se vencer pelas drogas ou álcool é o pior possível.
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Meu pai fumou durante 50 anos, desde os 13, parou faz um ano. Bebe diariamente seus tragos divididos em no mínimo 3 vezes, sei lá, desde os 35 anos mais ou menos. Percebeu, felizmente, que precisava parar, assim como o fez com o cigarro.
Ele conta que é bem difícil.
Como é muito orgulhoso, jamais admitiu ser alcoólatra, e nós, a sua esposa, eu (filha) e o filho, não insistimos no termo tão pesado a ele.
No Natal que passou, ele estava sem beber há uns 4 meses, estava tão calmo, tão feliz e sereno. Não complicou, nem se irritou com ninguém.
Ah, e seus "carteiraços" diminuíram.
Carteiraços era quando ele impunha sua opinião goela abaixo dizendo que tinha mais de 60 anos e sabia mais que todo mundo, passando por cima de todos feito um trator, humilhando se fosse o caso para fazer valer suas idéias.
No Ano Novo voltou a ser a figura difícil que te descrevi, por que voltou a beber. Menos, mas bebeu. Pedimos para que ele parasse, ele parou, contudo uma tristeza o tomou. Também a nós.
A notícia boa é que agora tenho certeza de que meu pai é maravilhoso, sem a bebida, mas ele é.
Antes, já não sabia mais quem ele era. Lembrava de um pai tão gentil e carinhoso, tão especial, de qual eu tinha tanto orgulho. Não era mais ele. Só agora tenho a certeza de que ele ainda está lá, por de trás daquele trago, ele ainda está lá. Isso me deixou tão feliz. Só me entristeço em saber o quanto ele sofre e jamais aceitará ajuda, por que jamais assumirá sua condição.
Um grande abraço e obrigada por dividir esclarecimentos tão importantes a quem os necessita.